sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tratamento de diabetes exige mudança de estilo de vida

Suellen, Natasha e Laura

Há dez anos, a rotina da aposentada Maria Auxiliadora Passareli, 61, passou por mudanças difíceis. Ela teve que se adaptar a um novo estilo de vida e incorporou outros hábitos para tratar da diabetes. Maria Auxiliadora tem a doença do Tipo II. Apesar de ir regularmente ao médico e fazer uso diário de insulina, a aposentada comentou que não pratica atividade física e nem faz uma dieta rigorosa. Ela trata há três anos de uma ferida na perna que não cicatriza “Já tive erisipela que piorou a situação de minha perna, além de outras feridas no tendão”, explica.
O endocrinologista Carlos de Souza Campos explica que a erisipela é uma infecção de pele causada por uma bactéria e geralmente se manifesta em pernas e pés, mas pode aparecer em membros superiores, tronco e face. É tratada com antibióticos. Além desta, outras infecções são comuns em diabéticos, comenta o médico, isso porque o diabetes aumenta o risco de invasão por bactérias e fungos.
O caso de Maria Auxiliadora é hoje uma situação comum para milhões de brasileiros. De acordo com o Portal de Saúde do governo federal, cerca de 246 milhões de pessoas em todo mundo sofrem de diabetes. Essa é uma doença com proporções epidemiológicas que se dá quando o pâncreas para de produzir insulina. Isso ocorre porque o sistema de defesa do corpo mata as células responsáveis por esta produção e não tem cura.
O endocrinologista Carlos Campos explica que a doença é classificada em Diabetes Tipo I (T1) e Tipo II (T2). O primeiro tipo é mais raro, entretanto, mais comum em crianças e jovens. Também é igualmente grave, já que o paciente passa a aplicar insulina, uma vez que seu pâncreas não a produz mais. O T2 aparece em adultos com vida sedentária, excesso de peso e, principalmente, se há algum membro da família com este tipo de diabetes.
A nutricionista Adriana Ribeiro de Abreu explica que a glicose normal varia de 60 e 100mg/dl. Entretanto, a pessoa com valores entre 101 e 125mg/dl é considerada intolerante à glicose. Já o pré-diabético tem a glicose um pouco acima de 126mg/dl. Através da alimentação e atividade física é possível abaixar a taxa e voltar com a glicose normal.
Carlos Campos atenta também para os sintomas que são urinar muito, boca seca, ter muita sede, muita fome e emagrecimento. Mas afirma que nem sempre a doença apresenta sintomas, ou seja, devem ser feitos exames regularmente, como o de sangue em jejum e a glicemia capilar, mas esta deve ser usada apenas como triagem, pois o da veia é mais precisa. “A alimentação é importantíssima para uma pessoa diabética, pois através dela é que conseguimos manter os níveis de glicose e consequentemente ter uma melhor qualidade de vida”, afirma Adriana Abreu.
Évellyn Mara Marques é mãe de um menino de três anos de idade. O pai da criança é diabético do Tipo I. Mas, por não ser uma doença hereditária, Évellyn Marques não se policia a respeito de dietas para o menino. Ele vai ao médico fazer exames, “mas por ter nascido muito grande”, conta a mãe. A doença de seu namorado não atrapalha na rotina da família e ela pouco mexeu em sua dieta alimentar.
O tratamento é feito com remédios específicos, dieta balanceada, atividade física e aplicações de insulinas, em alguns casos. O endocrinologista afirma a importância de seguir os tratamentos e diz que “um paciente que leva a sério as orientações do médico pode levar uma vida normal”. Por outro lado, a negligência do próprio paciente pode levar a complicações oculares, como a cegueira, problemas de circulação, causando, até mesmo, amputação de algum membro, além de problemas renais e nos nervos. Nos casos mais graves, a internação é inevitável.
Para a nutricionista, as medidas certas para se ter uma melhor qualidade de vida são o controle com o médico, “sempre fazendo o uso das medicações corretas. O controle da alimentação com um profissional de nutrição e atividade física com o auxílio de um profissional”.

Tatuagens, pierciengs a escarificações: o limite entre a dor e a estética

                                                                              Thayná Faria, Bruno Ribeiro e Gabriel Riceputi

Tatuagens, piercings, alargadores e escarificações são práticas de modificações corporais conhecidas também como body art. Cada vez mais comuns, principalmente entre o público jovem, estas alterações no corpo são justificadas pelos que a praticam como uma forma de expressão artística. Para especialistas, como psicólogos, a body art relaciona-se mais com a busca pela afirmação da identidade e, principalmente, pela inserção em grupos sociais. São entendidos como códigos de pertencimento a determinados grupos ou tribos urbanas.
A modificação corporal (body modification, em inglês) é, para os seus praticamente e admiradores, vista como uma expressão artística, por isso a denominam Body art. Francine Oliveira (23) é perfuradora corporal (ou body piercer) e possui vários tipos de modificação como tatuagens, piercings, alargadores e escarificações. Ela conta que body art é todo tipo de expressão artística feita no corpo ou com ele, como maquiagem artística, performances de qualquer tipo (que podem envolver agulhas e suspensão corporal), e pintura corporal.
A escarificação também pode ser bela 
A modificação corporal em si pode designar outro estágio dentro das práticas que envolvem a transformação do corpo: “Modificação corporal, body modification ou body mod envolve uma alteração do corpo mesmo, a ‘longo’ prazo, mas não necessariamente permanente”, diz Francine. O tatuador e body piercer Cleiton Soares, o “Juh” (28), que está no ramo há sete anos, tem visão similar a dela. Segundo ele, a body art engloba todos os tipos de modificação corporal, mas o termo ‘modificação corporal’ refere-se principalmente a “procedimentos que fogem um pouco dos padrões e que geralmente são irreversíveis”.
O ato de transformar ou modificar o corpo geralmente é visto como uma busca por identidade pessoal exclusiva ou forma de sentir-se parte de algum grupo específico. Para Francine, a estética também é um fator considerável. Segundo ela, em relação à body art, 99% dos interessados que a procuram fazem as intervenções por questões estéticas. A popularização das cirurgias plásticas, um avanço auxiliado pela tecnologia e medicina moderna, também comprova essa onda de busca pela perfeição estética, ou padronização, que levam a modificação do próprio ser. O body art ou modificação corporal apenas pode seguir por outra vertente, a de fugir dos padrões de beleza impostos pela sociedade, não deixando, entretanto, de ser bela.


Psicanalista aponta caráter masoquista das práticas de body art
No âmbito da psicologia, a prática da modificação corporal está intimamente ligada a questões de relações sociais. “A noção de beleza está muito associada à noção do fetiche”, diz Hugo Silva Valente, psicólogo com formação na área da psicanálise. Segundo Hugo, toda modificação é uma tentativa de formar um símbolo representante, seja de status, beleza ou verdade. Tal como um rito de passagem, a prática da modificação estética seria uma forma de estabelecer laços sociais e se integrar a um grupo.
Outro fator seria infringir dor ao corpo como forma de obter satisfação. “A psicologia, após 1905 com os trabalhos de Freud, reconhece vários modelos de satisfação que vão contrários à idéia de prazer consciente”, diz Hugo, que esclarece que os dois fatores, fetiche cultural e masoquismo, devem ser vistos como motivações isoladas. “O sujeito pode formar seu símbolo sem necessariamente sentir dor. Um brinco ou um piercing cumprirá a função reservada ao fetiche, mas dificilmente iria satisfazer o sujeito em busca da satisfação pela dor”, explica.
O psicanalista ainda pontua um item importante sobre o masoquismo nessas práticas. “É necessário diferenciar o masoquismo ligado às modificações da prática do body-art, onde a dor cumpre função juntamente com fatores como a integração social, da prática de automutilação, como em casos onde crianças ou adolescentes que, sofrendo de angústia profunda, buscam na dor do corpo um alívio do sofrimento da alma”, esclarece.
Mas o corpo não é o primeiro a passar pelas modificações em função do estabelecimento de laços sociais. Como Hugo destaca, o psiquismo é o primeiro a se adaptar aos símbolos do grupo, modificando o modo de pensar e de se comportar do sujeito. Um indivíduo inserido em uma sociedade estará dependente dos fatores que aquele grupo estabelecer, seja a utilização de gírias ou seguir a moda de vestimenta do momento. “É o que a psicologia chama de processo de identificação”, diz Hugo. “Essa prática fetichista nada mais é do que uma negação do homem à sua própria natureza, sua natureza biológica, em função do símbolo, da adaptação social”, completa.
Toda modificação corporal teria um propósito rumo a uma idealização de imagem, que vai enquadrar o indivíduo dentro da sociedade. No caso das modificações corporais, esse status não estaria ligado à coletividade em geral, mas a subgrupos específicos dentro dela. A moda, por sua vez, quando produz ideais de beleza, também produz a necessidade de modificações corporais, essas as quais já estamos acostumados, como a idéia de ser magra para ser bonita e afins, que influenciam a coletividade. “A exclusão de determinado movimento, ou comportamento, é impulsionada por um movimento correlato, ou seja, para negar um fetiche é necessário que outro fetiche anterior esteja bem fundamentado”, diz Hugo, ilustrando o porquê de práticas de body art serem marginalizadas enquanto outras intervenções estéticas são legitimadas. Tudo faria parte de uma relação de poder entre um fetiche, um modo de pensar, sobre o outro. “Se o fetiche é montado em cima de um objeto aleatório, querer julgar essas formas ‘alternativas’ é absurdo, é querer matar a identidade do outro. Temos medo do diferente, justamente pelo diferente ofender nossos próprios fetiches”, afirma o profissional.


Cuidados
O cirurgião plástico César Tayer diz que o procedimento padrão para quem quer fazer algum tipo de modificação corporal é ficar atento na hora de escolher o estúdio. Esse tipo de cuidado evita complicações posteriores, como o surgimento de quelóides, formação de cicatrizes indesejadas e até contração de doenças mais graves como HIV e Hepatite.
Evite problemas, procure um profissional para fazer sua modificação
Ele afirma que principalmente perfurações intra-orais proporcionam um sério risco de complicações graves como excesso de salivação, alterações na fala e até infecções que, nessa parte do corpo, podem chegar à corrente sanguínea, se espalhar e até levar a morte. O cirurgião considera que cabe ao profissional tomar os cuidados específicos referentes à assepsia do material utilizado, mas que depende do cliente a manutenção e limpeza das jóias, pois a atenção deve ser constante.
Uma realidade perigosa comentada é que muitas pessoas colocam piercings por conta própria, o que eleva consideravelmente o risco de infecção. Esse fenômeno acontece principalmente em modificações mais comuns, que aparentemente não demandam tantos cuidados. Os alargadores de orelha são apontados como uma dessas práticas. Em vez de procurar um profissional, o individuo coloca nas orelhas objetos que podem estar contaminados, sem tomar as precauções adequadas.
Nesse caso também é necessário que o lóbulo não seja alargado de uma só vez e que as expansões não sejam grandes demais, pois há o risco de se rasgar a orelha, ou provocar uma vaso-contrição: isso interrompe a circulação de sangue em uma parte do tecido, levando a esquemia e até a necrose da região. A pessoa pode, inclusive, perder parte do lóbulo e destruir a cartilagem auricular.
O cirurgião alerta que o profissional desta área deve ser capacitado, descartar agulhas e esterilizar os materiais em uma autoclave, máquina própria para realizar a assepsia dos objetos de forma rápida e eficaz. Esse processo é o único permitido por lei, segundo Tayer. Nele esterilizam-se os instrumentos em vapor de alta temperatura e pressão. Ainda de acordo com o cirurgião, “uma modificação corporal envolve os mesmos riscos de qualquer intervenção cirúrgica e, portanto, exige os mesmos cuidados que demanda um procedimento dessa espécie”. Tayer afirma que muitos tatuadores e body piercers sequer conhecem as leis que determinam os cuidados com a esterilização do material.
A body piercer Francine conta que o problema em alguns locais não é totalmente relacionado à esterilização dos objetos, mas sim a falta de cuidado por parte de alguns profissionais, que não têm cuidados de higienização. A falha mais comum é a retirada das luvas antes de terminar totalmente o procedimento, quando, por exemplo, o cliente já se foi, mas ainda restam agulhas para serem jogadas fora. Essa falta de atenção coloca em risco a saúde do próprio profissional, que entra em contato direto com material cortante utilizado no processo. A forma de descartar o que já foi utilizado é a mesma do lixo hospitalar.


Arrependimento
É comum que alguns adeptos da body modification se arrependam de artes em suas peles e desejem retirá-las. Voltar atrás pode ser mais fácil no que diz respeito a perfurações. Segundo Juh, depende do tamanho da jóia, o seu peso e do tempo em que ela se encontra na pele.
Reconstituição do lóbulo
Para Tayer, a pele consegue voltar um pouco ao normal, devido à sua elasticidade natural. Contudo, casos em que o furo é muito grande, situação dos alargadores, por exemplo, apenas a cirurgia plástica consegue retornar a pele ao seu estado anterior.
Com as tatuagens, se arrepender é mais doloroso. Dói bastante para remover, além de ser caro. É o que afirmam em consenso César Tayer e Juh. O cirurgião explica que a remoção de tatuagens é um trabalho para os dermatólogos, mas informa que a remoção a laser funciona razoavelmente bem somente em alguns tipos de tatuagem. As muito coloridas, por exemplo, são mais difíceis de apagar, sendo que o raio laser não consegue remover totalmente tons em vermelho e laranja, diz Juh. Além disso, corre-se o risco de permanecerem marcas na pele. Cada sessão a laser pode custar entre 500 e 800 reais, sendo que algumas tatuagens necessitam de até 10 sessões. A conta total poderia, então, chegar a oito mil reais.


Rituais que marcaram o processo civilizatório do homem
A prática da modificação corporal está longe de ser um fenômeno atual na sociedade. Presente há muito tempo em ritos de passagem de tribos africanas, brasileiras, indianas, e, identificadas também nas culturas egípcias e judaicas, o ato de transformar o próprio corpo pode ser motivado por causas meramente estéticas ou como parte de cerimoniais dentro de determinada cultura.
A modificação corporal que, geralmente, é vista com espanto por parte da sociedade, como, por exemplo, ao contemplarem uma “escarificação”, não e uma prática nova na sociedade. Mulheres e homens de algumas tribos africanas cortam a pele com o intuito de ostentar belas cicatrizes, celebrar o fim de uma determinada etapa da vida e o início de outra ou simplesmente evidenciar pertencimento e até graduação social dentro do grupo.
Absorvida pela cultura ocidental, tem diversas faces e não apenas estas que são vistas como mais radicais. A circuncisão utilizada pelos judeus e implantes de silicone na mama também podem ser tomados como exemplos mais comuns. A tatuagem talvez entre nesse grupo de modificações mais bem vistas pela sociedade, pois tem tornado-se cada vez mais popular.


Alguns tipos de modificação corporal e body art
Escarificação: é um processo permanente, concebido para decorar o corpo, e é considerada valiosa artisticamente por algumas tribos na África Ocidental. É a prática da incisão na pele com um instrumento afiado. Existem diferentes tipos de escarificação, sendo diferenciadas pelo material utilizado e técnicas. Quanto a este material, geralmente é composto por lâminas para cortar ou remover tecidos.

Branding: queimaduras feitas por aço ou laser, cauterização por ferramentas como ferro de solda etc.

Microdermal: o microdermal é uma micro placa que fica sob a pele com uma saída única, em que podem ser rosqueadas peças, que, por sua vez, podem variar desde implantes simples a brilhantes, dando o efeito visual de jóias.

Subdermal: tipo o chifre implantado. PTFE tipo teflon – único debaixo da pele.

Transdermal: surgiu antes do microdermal, possui uma saída feita com incisão cirúrgica além do furo.
Suspensão corporal: é o ato de suspender um corpo humano por meio de ganchos passados por perfurações na pele. Estas perfurações são temporárias e normalmente abertas pouco antes da suspensão ocorrer. Os ganchos de suspensão são feitos especialmente para a prática, e o material utilizado na confecção do mesmo é o aço cirúrgico. São colocados como piercings tradicionais, com agulhas e depois conectados aos ganchos. A localização exata desses ganchos no corpo determina o tipo de suspensão que está sendo executada, e o número de itens instalados geralmente depende do peso da pessoa e seu nível de experiência.

Pulling: feito da mesma forma que a suspensão corporal. Entretanto, não se suspende o corpo, apenas se tenciona a área na qual o gancho se encontra. Pode ser encarada como uma preparação para a suspensão. Os ganchos são menores e encaixados em partes como os antebraços e joelhos.

Juh fazendo uma tatuagem (esquerda) e escarificação da Francine (direita)

Tatuagem: trata-se de um desenho permanente feito na pele. É tecnicamente uma aplicação subcutânea de tinta obtida através de introdução de pigmentos por agulhas, um procedimento que durante muitos séculos foi irreversível. É uma das formas de modificação corporal mais conhecida e cultuada no mundo.

Piercing: perfuração da pele para aplicação de uma jóia.

Alargadores: são peças que mantêm o tecido expandido. A idéia é expandir qualquer tecido para colocação de uma peça maior.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

É grave, Doutor Google?

Autodiagnóstigos tornam-se cada vez mais comuns por buscadores da Web

Carol Slaibi, Eduardo Maia, Natália Giarola e Wanderson Nascimento

 Pesquisa realizada pela Pew Research Center & American Life Project revela que 61% dos adultos nos Estados Unidos procuram na internet informações sobre sua saúde. Esses dados remetem ao fenômeno tratado como cibercondria, caracterizada pela preocupação excessiva e infundada em autoexames e autodiagnósticos baseados em pesquisas realizadas na web.

A pesquisa foi realizada em 2009 e relaciona a cibercondria com o aumento do número de usuários da internet, a partir de uma comparação entre os anos de 2000 e 2009. De acordo com o instituto, 74% dos americanos tem acesso à internet contra apenas 46% em 2000. O estudo também revela que o aumento se deve ao avanço das redes sociais, fóruns de debates, blogs, além do acesso móvel possibilitado pelas redes sem fio.
Os números impressionam, pois, ao se realizar esta pesquisa utilizando “dor de cabeça”, o buscador gerou cerca de 2,4 milhões de resultados. Uma simples dor de cabeça numa rápida busca no “Dr. Google” pode ser considerada como sintomas de uma doença neurológica grave.
Um exemplo demonstrado pelo buscador é um artigo do site “Artigonal”, que associa a dor de cabeça como uma das causas para o tumor cerebral. “O grande problema é que na internet tem de tudo e, por ser território livre, não temos o menor controle sobre a informação que está postada. Tanto pode ser uma informação seríssima como pode ser a maior ‘picaretagem’ e o paciente não tem como saber”, afirma a assessora especial da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Fátima Vasconcelos, em entrevista à revista Super Saudável de fevereiro de 2011.
O clínico geral Hélio Pinto de Souza adverte sobre os riscos do autodiagnóstico e da automedicação. “Isso pode acarretar consequências graves, uma vez que pode levar o paciente a se automedicar, podendo não surtir nenhum efeito ou ainda piorar seu estado de saúde. Por isso, é imprescindível que se procure um médico antes de tirar qualquer conclusão sobre os sintomas ou alguma doença”, declara.
Em uma busca sobre as possíveis causas de uma dor de cabeça, a funcionária pública Maria Aparecida Haddad, 49, São João del-Rei, descobriu um câncer, diagnosticado posteriormente pelo seu médico. “Continuei investigando e, no final das contas, era um câncer de tireóide. Fiquei extremamente apavorada e cheguei inclusive à automedicação”, revela.
Haddad não tem nenhum receio em assumir suas consultas à internet para a solução de quaisquer problemas relacionados à sua saúde, mas admite que seus médicos são contrários a estes atos. “Li na internet sobre um método de retirada do sangue com a aplicação no próprio músculo (método de auto-hemoterapia) e estava propensa a fazer. Conversei com minha endócrina e ela me proibiu terminantemente. Ela disse ser um procedimento que não é aceito pela Sociedade Brasileira de Medicina”, declara.
Imagem: saude-joni.blogspot.com

Cibercondria e Hipocondria

Na relação entre cibercondria e hipocondria, a psiquiatra Fátima Vasconcelos atenta para a gravidade do excesso de informação aos hipocondríacos. “A cibercondria é um agravamento, uma piora do sintoma da hipocondria, porque, agora, o indivíduo vai estar embasado em informações. Se o hipocondríaco, quando vai ao médico, não se satisfizer com a informação, vai acabar aprofundando sua pesquisa na internet, vai finalmente acreditar no que encontrar e vai sofrer”, afirma.
A hipocondria, segundo a psicanalista Maria das Mercês Carvalho, é um transtorno emocional somatoforme, isto é,  estado em que as emoções passam  do psiquíco para o orgânico. Baseada no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais “trata-se mais de um sintoma que de uma doença, forma mal adaptada da pessoa reagir a alguma coisa. A pessoa sente-se doente apesar da ausência da patologia, sofre realmente por isso”, explica a psicanalista.
Além de acentuar a preocupação pela própria saúde nas pessoas predispostas à hipocondria, ou diretamente piorar o estado dos hipocondríacos declarados, alguns especialistas acreditam que a medicina na internet pode originar uma legião de afetados pela "cibercondria”. Especializada em psicologia clínica, Aparecida Mercês Silva acredita que “muitas vezes o paciente está mascarando outro sintoma de outra coisa que ele possa ter como insegurança, sentimento de solidão, fobias, culpa, negação de algum sentimento ou comportamento”, afirma.
A psicóloga explica que “o tratamento para a hipocondria pode ser realizado de forma multidisciplinar, às vezes com mais de um médico, como, por exemplo, um gastro, neurologista ou psiquiatra. Mas é essencial que o paciente queira se tratar. A partir dessa atitude, ele começa a ter elaborações de suas próprias vivências e vai se autoconhecendo”.
Aparecida Silva ainda adverte que, de uma forma inconsciente, o indivíduo pode gostar da forma como vive. “Por criar hábito em relação à própria doença, o sintoma do paciente apresenta melhoras; podem aparecer outros sintomas e, se houver novas melhoras, ele pode realmente ficar doente. São os chamados sintomas psicossomáticos”, esclarece.

Sem solidão

A psiquiatra Fátima Vasconcellos acredita que o acesso à internet se torna patológico à medida que a pessoa deixa de conviver com outras pessoas. A internet é usada para preencher o espaço de solidão, mas o ser humano é movido a pessoas.
Segundo a psiquiatra, há relatos de indivíduos que ficam jogando no computador por três, quatro dias direto. “Tive um paciente que simplesmente parou de trabalhar, porque ficava só testando joguinhos. Ele já deixava a porta da casa aberta e pedia comida pelo telefone para não perder tempo, para não parar, para não largar o computador”, relata.
Essa perda de controle diante da internet é um tipo do transtorno dos impulsos como o uso de drogas, em que o dependente não tem o menor controle, simplesmente não consegue parar. “Quando o indivíduo passa a usar a internet como substituto das relações humanas, isso indica um problema. Se a internet serve para melhorar as relações humanas, para facilitar a vida, está perfeito”, conclui Fátima.

Prática de exercícios e alimentação balanceada: fundamentos para uma vida longa e saudável

 Ana Pessoa Santos e Ayalla Nicolau

A saúde é um estado de bem estar físico, psíquico e social. Para que uma pessoa tenha uma vida saudável, é preciso que esses três aspectos sejam considerados. Uma alimentação saudável e balanceada, desde criança, contribui para o bem estar físico e é uma grande aliada para viver-se mais, e melhor.
Segundo o pediatra Yuri Caldas, a busca pelo bem estar físico passa por uma alimentação adequada, prática de exercícios físicos e prevenção de doenças através de imunizações (vacinas). Já a saúde física e social pode ser proporcionada para uma criança “por uma família estável, em que o carinho, o amor e o cuidado sejam fatores determinantes nas relações interpessoais”, afirma.
Caldas explica que a alimentação tem papéis fundamentais durante a infância. “A alimentação proporciona os nutrientes que a criança necessita para ter um desenvolvimento adequado, ou seja, para atingir seu potencial genético de peso e estatura; e ajudar na prevenção de doenças”, comenta Caldas.
Como nessa fase as necessidades nutricionais são maiores devido ao intenso crescimento, é importante que a alimentação forneça todos os nutrientes necessários. A nutricionista Fernanda Cipriano afirma que devem ser ofertados às crianças alimentos que contenham ferro, cálcio, zinco e vitaminas, que são elementos importantes para uma vida saudável. “Cada indivíduo deve ter sua alimentação balanceada, uma vez que ninguém tem o organismo igual ao outro, mas uma regra geral é o fracionamento das refeições. As pessoas devem alimentar-se a cada três horas, evitando o consumo de alimentos gordurosos, que podem causar elevação do colesterol, doenças cardiovasculares e obesidade”, ressalta a nutricionista.
Gilmara Santos Antony é mãe de dois meninos e confessa ter muita dificuldade em fazê-los comer na quantidade adequada. “O Ítalo tem 14 anos, está com sobrepeso e come de tudo, mas em grandes quantidades. E o David completou quatro anos e não quer saber de comida, na hora do almoço eu tenho que gritar: Ítalo, para de comer! David, coma!”, conta a mãe, que acha a situação engraçada.
“Os pais devem fazer da comida uma arte, de modo a chamar a atenção das crianças, que ainda estão conhecendo os alimentos”, diz a nutricionista. Ela ainda lembra que “os hábitos e alimentos saudáveis serão aprendidos de acordo com o que os pais comem e colocam na mesa para os filhos”.
A alimentação saudável é importante, mas não é o suficiente. Para manter uma vida saudável, é necessário se exercitar regularmente desde pequeno. A criança pode praticar exercícios físicos a partir dos primeiros meses de vida. A natação, por exemplo, pode ser praticada por bebês, acompanhados pelos pais. “O importante é que as atividades sejam adaptadas à faixa etária de cada praticante e que preferencialmente apresentem um caráter lúdico”, diz Caldas.
A preparadora física Mônica Martins, especialista em fisiologia do exercício e suas prescrições, conta que a atividade física é indicada para o ser humano em todas as idades, e, portanto, deve ser estimulada independente de sexo ou idade. “Basta adaptar à etapa do desenvolvimento e às condições de cada criança, evitando os exercícios de força sem acompanhamento, aqueles que levam a hipertrofia da massa muscular, pois os músculos enrijecidos opõem-se ao crescimento ósseo”, diz. Ela ressalta ainda que só a partir dos 12 anos é que se pode iniciar uma atividade visando resultado.
Para as crianças, segundo a preparadora física, é indicado andar, correr, pular, subir, nadar. Isso deve ser feito através de jogos que visam à coordenação motora. É importante lembrar que a natação, que é uma excelente atividade física, pode não ser indicada, temporariamente, para crianças com rinite-sinusite crônica.
Já para as crianças com sobrepeso, a preparadora física explica que os exercícios recomendados são os de baixo impacto e que não forcem as articulações como caminhadas, natação, hidroginástica, bicicleta e esteira. “O ideal é que as atividades sejam diárias, e acompanhadas por profissionais especializados, respeitando as limitações do excesso de peso”, recomenda Martins. Ela ressalta ainda que as atividades físicas não se limitam a frequentar uma academia diariamente. “Sair a pé, levar o cachorro para passear, evitar o elevador usando mais escadas, caminhar até a banca ou a padaria são exemplos”, explica.

Dicas para uma boa alimentação:
  • É fundamental alimentar-se de 3 em 3 horas. O ideal é comer menos e mais vezes, evitando que o organismo armazene energia para suportar longos períodos em jejum. Para quem fica muito tempo fora de casa, é bom carregar consigo frutas e iogurtes light.
  • Também é necessário conhecer a composição dos alimentos e ler a informação nutricional da hora de comprar. Barras de cereal, biscoitos integrais, bebida à base de soja, sopas light, adoçante e suco de caixinha, não são tão saudáveis como se pensa. Estes alimentos geralmente são ricos em açúcar, sódio e gordura, estando longe de serem produtos que fazem bem à saúde.

sábado, 14 de maio de 2011

Cerveja com moderação não causa barriga

Douglas Caputo

Frequentadores de bares e cervejas culpam bebida pelo aumento na barriga. Mas especialistas condenam tira gosto como grande vilão do sobrepeso em cervejeiros.

          O consumo de bebidas alcoólicas pode criar a famosa “barriguinha de chope”? A funcionária pública Fernanda Freitas, 26 anos, acredita que sim. Ela aproveita as folgas nos finais de semana para frequentar bares e tomar cervejas. A cada rodada, bebe pelo menos quatro garrafas. Com 78,5 quilos distribuídos em 1,64 metro, condena a bebida que consome desde os 17 anos pelo acúmulo de gordura abdominal.

          “Percebi que tive um aumento de barriga por causa da cerveja. Todo médico que vou fala que minha barriga é desproporcional ao corpo por causa da cerveja. Ela é a culpada pelo meu barrigão, pela pança que tenho”, brinca.
          Além da bebida, nas mesas dos bares que Fernanda se encontra com a “galera” não falta um cardápio de acompanhamentos variados. Mas o tira gosto que ela prefere “são as porções de carne gorda”.
          Na segunda-feira após a Páscoa, o comerciante Gerson Mauro Campos Lara, 52 anos, teve um café da manhã que passou longe dos ovos de chocolate que sobraram do dia anterior. Num bar na região central da São Tiago, saboreava uma latinha de cerveja enquanto defendia a bebida como importante fonte de alimento.
Cervejeiros culpam bebida pela barriga
          “Não tomo água de maneira alguma. Quando dá cede, bebo uma Coca Zero ou uma cerveja, mas prefiro a cerveja. Minha alimentação diária não passa de 500 gramas”, conta. Com 1,70 metro e 65 quilos, no prato de Lara não faltam arroz, feijão e salada. “Carne como pouco, apenas como petisco da cerveja mesmo”, afirma.
          A primeira vez que Lara bebeu foi aos 12 anos. Hoje não passa um dia sem cerveja. O consumo é tão grande que já perdeu as contas do número de latas por semana. Apesar do problema de má circulação que o fez amputar parte do pé esquerdo, desconsidera que o álcool seja o culpado. Só vê benefícios na cerveja. “Ela não deixa tonto e nem dá ressaca. A cerveja não traz nenhum mal”, garante.
          Mas não é assim que pensa o clínico geral Hospital São Vicente de Paulo, Carlos Herbert de Almeida, o Carlito. Diante da dieta desregrada do comerciante, o médico aproveita para um puxão de orelha. “As bebidas alcoólicas não substituem uma água, nenhum tipo de líquido”. Para Carlito, esse tipo de vida já caracteriza o alcoolismo com consequências diretas na saúde da pessoa. “Pode trazer obesidade, hipertensão arterial, diabetes e pancreatite”, completa.
         Ainda de acordo com o médico, o consumo desmedido de cerveja tem relação direta com o aumento da barriga. “O metabolismo da cerveja gera obesidade, principalmente abdominal. Além disso, ela é sempre acompanhada de tira gostos, o que aumenta o potencial de obesidade entre bebedores crônicos”, afirma.
           Segundo o clínico, a gordura que se acumula no abdômen não deve passar de 94 cm para homens e 80 cm para mulheres. Além dessas medidas, a pessoa já está propensa a doenças cardiovasculares graves como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
          Apesar de concordar com o médico sobre a bomba calórica que são os tira gostos e os riscos da obesidade para a saúde, Ana Paula Silva, especialista em nutrição clínica, explica que não existe nenhuma evidência que justifique culpar a cerveja pelo aumento dos famosos pneuzinhos.
          “A cerveja não contém gordura e o seu valor calórico chega a ser inferior ao de um copo de leite. Consumida moderadamente, a cerveja não é fator de obesidade e nem de aumento na circunferência abdominal. Não existe uma relação do tipo de bebida com o aumento da gordura corporal”, explica.
          Para Ana Paula, o ganho de peso é ocasionado “pelo estilo de vida de cada um, como inatividade física e dieta inadequada, que contribuem para o aparecimento da tão conhecida barriga de cerveja”.

Por trás do mito

          De onde vem a crença popular de que a cerveja é a grande vilã pelo aumento da gordura que se acumula na barriga?
          Ana Paula explica que o mito é gerado pelo fato da composição fermentada da cerveja produzir gases que aumentam momentaneamente o tamanho da região abdominal, que depois de um tempo volta ao normal. Para a nutricionista, a única conclusão “é que o consumo de calorias somado à falta de atividade física é o que gera o sobrepeso, a obesidade e não a cerveja em si”, garante.
          No site da empresa Gastromed é possível calcular o índice de massa corporal (IMC) de uma pessoa. Ele verificado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado. Com um IMC menor que 20, a pessoa é considerada abaixo do peso normal. Entre 20 e 25, normal. Entre 25 e 30, com excesso de peso. Índice de 30 a 35, obesidade leve. Entre 35 e 40, obesidade moderada. E pessoas com IMC acima de 40 já se enquadram na obesidade mórbida.
          Mas se a cerveja não é vilã, ela está liberada para todos em qualquer quantidade? A nutricionista explica que o álcool tem o mesmo efeito em homens e mulheres. Mas pondera que ele não deve ser ingerido em exagero e por pessoas que tenham alguma doença ou que estejam fazendo uso de medicamentos controlados.
          “O seu consumo deve ser preferencialmente aos fins de semana e no máximo duas latinhas ou duas doses de destilados. O álcool é metabolizado pelo fígado e vai para corrente sanguínea com vários prejuízos como diurese, que promove a perda de vitaminas importantes (C e complexo B) e minerais como cálcio, zinco, magnésio e proteínas. Isso pode causar doenças como osteoporose, azia, hipoglicemia, diabetes, fadiga e alcoolismo”, diagnostica.
          O conselho que vem de Carlito é que “beber não é salutar”. Sugere para aqueles que não conseguem ficar longe das mesas de bares um pé no freio e uma mudança na hora do pedido para o garçom. “Uma saída seria consumir vinho. Um cálice por dia é até terapêutico. Mas para os que não conseguem ficar sem a cervejinha, o ideal é que não passe de dois copos por dia. Que não podem ser acumulados caso a pessoa não beba durante a semana. É sem crédito”, acentua.
          Ana Paula concorda. “Ter vida social, ir a bares e tomar algumas cervejinhas em um dia de semana não causa estragos ao corpo de ninguém. Uma cerveja não faz mal, mas muitas, e com acompanhamento, sim”.
Mudança de hábito

          Cláudio José Reis de Castro, professor de Educação Física, argumenta que o organismo tende a guardar gordura para eventuais necessidades. “O instinto do corpo humano sempre prevê falta de alimento. A gordura que se acumula funciona como uma reserva de energia”, explica.
          Castro comenta ainda que “não bastam os exercícios abdominais para queimar a barriga, porque seu objetivo principal é fortalecer a musculatura da região”. O professor ensina que a melhor forma de se conseguir a chamada barriga tanquinho “é um trabalho generalizado, que inclui alimentação balanceada para perder a porcentagem de gordura geral do corpo e atividade física”.
          Mas Castro chama a atenção para os perigos de se realizar exercícios físicos sem acompanhamento profissional. “Para qualquer iniciante, é preciso que seja feita uma avaliação médica antes de se começar qualquer atividade”, orienta. Ele acrescenta que os perigos dos exercícios desacompanhados vão desde dores, lesões e distensões musculares até paradas cardiorrespiratórias.
Caloria e índice glicêmico
          Para que a digestão seja realizada, o organismo precisa aumentar a temperatura do corpo. Ana Paula explica que “a caloria (cal) é uma unidade de medida que define a quantidade de energia para elevar em 1ºC a temperatura de um grama”. Mas outro uso do termo, segundo a nutricionista, serve para calcular o valor energético de um alimento. Um exemplo disso são as 63 cal presentes em 200 ml, aproximadamente um copo de requeijão, de leite desnatado.
          Mas para quem está de regime o ideal, no entanto, é observar o índice glicêmico, que significa a capacidade que cada alimento tem para aumentar a carga de açúcar no sangue. Ana Paula acentua que “o consumo de carboidratos que são digeridos rapidamente é responsável por um rápido aumento da concentração de glicose sanguínea. O que significa alto índice glicêmico”.
          A nutricionista diz ainda que os alimentos de baixo índice glicêmico, que contêm carboidratos de digestão lenta e que liberam glicose gradualmente na corrente sanguínea, devem ser os preferidos, “pois nos mantêm satisfeitos por mais tempo e ajudam no combate à obesidade. Já o consumo de alimentos com alto índice glicêmico faz a glicose no sangue aumentar, o que gera maior quantidade de insulina, sobrecarregando o pâncreas e causando pré-diabetes ou diabetes tipo 2”.
          As bebidas alcoólicas apresentam, segundo Ana Paula, alto índice glicêmico, o que não significa necessariamente aumento no peso dos consumidores. “As pessoas só vão se tornar obesas com o álcool se beberem todos os dias e em grandes quantidades”, explica. A campeã de calorias é caipivodca, com 226 cal. A cerveja aparece na lanterna, com 50,5.