segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fobia social: sintomas, diagnóstico e tratamento

Laura Vaccarini, Natasha Terra e Suellen Passarelli

A estudante Anai, 21, começou a passar por situações bastante complicadas no seu cotidiano em 2009. Ela sentia muito medo de andar sozinha nas ruas, tinha a sensação de que, a qualquer momento, poderia desmaiar, e, como agravante, sofria com a ideia de que se desmaiasse não teria ninguém para socorrê-la. Nestes momentos de pânico, Ana conta que suava muito, o braço endurecia, sentia falta de ar e enjôos. Os constantes momentos de ansiedade e tensão passaram a atrapalhar a vida da estudante, que não se alimentava mais direito. “Por causa do nervosismo, qualquer comida me fazia mal, então me alimentava muito mal’, explica. Ana disse que, então, chegou ao seu limite. “Até que chegou um ponto em que o medo tomou conta de mim e eu não consegui mais ficar sozinha em casa e também não conseguia ir sozinha até a esquina de casa. Além disso, eu sentia uma angústia enorme, um aperto no peito, tinha crises de choro sem explicação”, confidenciou.
Assim como Ana, milhões de brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, que são transtornos psíquicos que ganharam denominações diferentes dependendo da área, tais como “Fobia Social” ou “Síndrome do Pânico”. Tanto o diagnóstico quanto a nomenclatura do distúrbio e as formas de tratamento dividem psicólogos, psiquiatras e psicanalistas.
Para a psiquiatria, fobia social é um transtorno psicológico associado à baixa autoestima e ao medo de críticas. De acordo com a psiquiatra Maria Angélica Silva Vaccarini, a pessoa com esta fobia passa a evitar as situações desencadeantes, podendo resultar em isolamento social quase completo. Geralmente, as pessoas que sofrem desse distúrbio são pessoas ansiosas e vulneráveis ao julgamento de outros. O tratamento é feito com uso de medicamentos e psicoterapia. Maria Angélica também explica que, para a Psiquiatria, fobia social é um dos tipos, dentre vários transtornos de ansiedade. Esta nomenclatura também pode ser adotada pela Psicologia, dependendo da linha teórica que siga.
O psicólogo Ary Fialho de Menezes complementa afirmando que “a classificação das doenças é feita pelos sinais e sintomas que estão associados àqueles fenômenos”. É possível saber qual a doença de uma pessoa pelo relato ou pela observação do que está lhe acontecendo. “O transtorno de ansiedade tem certas características que o especialista, ao escutá-las ou observá-las, saberá diferenciar, por exemplo, de uma fobia. Também pode acontecer de uma pessoa ter mais de um transtorno”.
Para a psiquiatra, a fobia social é um quadro clínico centrado em torno de um medo de expor-se a outras pessoas em grupos comparativamente pequenos, levando a evitar situações sociais. Segundo Vaccarini, os sintomas podem ser constatados nos momentos em que a pessoa está enfrentando a situação que lhe causa o quadro que lhe é fóbico, podendo apresentar rubor, tremores das mãos, náuseas, vontade urgente e incontrolável de urinar, suor exagerado nas palmas das mãos, gagueira, amnésias lacunares (“brancos”), choro, sensação de desmaio, desconforto gástrico, vômitos.
Segundo Maria Angélica, é recomendado o uso de medicamentos de dois grupos farmacológicos – ansiolíticos e antidepressivos, que serão combinados conforme a intensidade dos sintomas, a gravidade do quadro, o tempo de adoecimento. Isto é, será adequado o tratamento a cada caso que o paciente nos apresente como seu sofrimento. [i]Ana conta que precisa tomar um antidepressivo forte e caro e que deve diminuir a medicação gradativamente para que não ocorra uma nova crise.
“Não se diz cura em Psiquiatria, pois a pessoa continua funcionando e seu perfil ou suas tendências de personalidade poderão permanecer, ou se manifestar. Se a pessoa é ansiosa, permanecerá ansiosa, mas poderá deixar de ser fóbica-social, melhorando muito sua qualidade de vida. Isto é melhora, mas não cura. Cura em Medicina seria a ausência total de uma doença. Aqui não há doença, nem ausência total de sintomas”, afirma Maria Angélica Vaccarini.
A estudante afirma que hoje tem uma vida normal com a meta de parar de tomar a medicação até o fim deste ano.  “As crises de pânico são decorrentes de uma ansiedade muito grande. Se eu tivesse descoberto que sofria de uma ansiedade muito grande e tivesse me tratado eu não teria chegado ao ponto de ter crises de pânico e ter que tomar uma medicação que além de muito cara é fortíssima”, contou.


[i] Ana é um nome fictício criado para preservar a fonte que não quis se identificar.

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